segunda-feira, 30 de novembro de 2009
O fim
O fim
começa antes do desfecho
se estrutura e se abastece sem intenção
sem contrário
sem hipótese
e sem querer se intensifica
se fortalece
se engrandece
e se esquece ao mesmo tempo em que é esquecido.
Que bom, o início e o fim, são exatamente a mesma coisa.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Funções extras
Enquanto ela averiguava a existência de alguém, que soubesse de outro, que tivesse certeza, que um entre seu ciclo sabia fazer exatamente aquilo que ela almejava, ouve um comentário:
-Você quer alguém para trocar o gesso, rever a parte elétrica, ar condicionado e tv a cabo? Antigamente se usavam 4 para fazer isso, fora aqueles assistentes.
-Mas é assim mesmo, vomitou ela.
A necessidade em adaptar disponibilidades, tem confundido a prioridade e descaracterizado o mestre.
As profissões são modelos seguidos pelo legado de multifuncionais aptos a fragmentar mais do que lhe cabem e menos do que permitem.
Nessa, o escolhido é o que não se queixa e vem com tv, radio, bluetooth, internet, camera, jogos, espelho, despertador, agenda, instrumentos musicais, wi-fi e bateria extra.
O profissional-celular acaba visado ou desaparece do mercado por não ser bom em nenhuma das funções estampadas na caixa, sendo uma destas, o simples diálogo, sem interferência e falta de sinal.
-Você quer alguém para trocar o gesso, rever a parte elétrica, ar condicionado e tv a cabo? Antigamente se usavam 4 para fazer isso, fora aqueles assistentes.
-Mas é assim mesmo, vomitou ela.
A necessidade em adaptar disponibilidades, tem confundido a prioridade e descaracterizado o mestre.
As profissões são modelos seguidos pelo legado de multifuncionais aptos a fragmentar mais do que lhe cabem e menos do que permitem.
Nessa, o escolhido é o que não se queixa e vem com tv, radio, bluetooth, internet, camera, jogos, espelho, despertador, agenda, instrumentos musicais, wi-fi e bateria extra.
O profissional-celular acaba visado ou desaparece do mercado por não ser bom em nenhuma das funções estampadas na caixa, sendo uma destas, o simples diálogo, sem interferência e falta de sinal.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Ode aos mortos
No instante em que uma péssima versão de Tim Maia se apresenta em um show de calouros, imaginamos aquele gordo que já virou esqueleto se revirando de vergonha dentro do caixão. Quando aquela criança com agilidade desarmônica usa a camisa que seu pai botafoguense lhe deu com um belo 7 nas costas, seu professor de futebol idealiza a cena de Mané se debatendo por uma dose de cachaça para tolerar tal demérito. Michael ainda não conseguiu descançar devido a enorme multidão que passou a imitá-lo em dança, voz e atitude.
Dezenas de Glauberes, centenas de Lennons e milhares de Freuds são, quem sabe, no fundo muito de ninguém e um pouco de qualquer coisa.
A forma pequena e averiguável de lirismo que incomodou Bandeira, hoje é polenizada pelas abelhas da inclusão digital, que significativamente espalham a poeira que seu corpo se tornou e enfatizam a certeza de que as coisas não se repetem.
A partir do momento em que todos são ícones, não há como deixar os mortos em paz.
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