terça-feira, 28 de julho de 2009
Ode aos mortos
No instante em que uma péssima versão de Tim Maia se apresenta em um show de calouros, imaginamos aquele gordo que já virou esqueleto se revirando de vergonha dentro do caixão. Quando aquela criança com agilidade desarmônica usa a camisa que seu pai botafoguense lhe deu com um belo 7 nas costas, seu professor de futebol idealiza a cena de Mané se debatendo por uma dose de cachaça para tolerar tal demérito. Michael ainda não conseguiu descançar devido a enorme multidão que passou a imitá-lo em dança, voz e atitude.
Dezenas de Glauberes, centenas de Lennons e milhares de Freuds são, quem sabe, no fundo muito de ninguém e um pouco de qualquer coisa.
A forma pequena e averiguável de lirismo que incomodou Bandeira, hoje é polenizada pelas abelhas da inclusão digital, que significativamente espalham a poeira que seu corpo se tornou e enfatizam a certeza de que as coisas não se repetem.
A partir do momento em que todos são ícones, não há como deixar os mortos em paz.
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