quinta-feira, 27 de março de 2008

Senhor Crônica


A faixa que revelava o nome e o número da corretora, que pretendia vender aquela antiga casa, havia sido retirada, todos na pacata vizinhança eram fissurados por idas e vindas de gente nova. É bom que dá assunto. Mas aquela mudança não era habitual, tudo era muito velho e ultrapassado, tinha muita gente envolvida, nenhuma dessas pessoas comunicavam realmente como seria a cara daquilo que surgia assim tão derrepente. Quando chegou o tal, as senhoras que viam a vida passar pelas janelas de suas casas, já estavam comentando que esse novo vizinho era uma narração, de acordo com a ordem dos tempos, diziam também que ele era meio atribuído aos noticiários dos jornais, comentários literários, científicos e até esportivos, e que muito era usado para preencher periodicamente as páginas de um jornal. As mocinhas cheias de amor e fantasias de príncipe encantado, enxergavam nele comentários de fatos da atualidade, pois sabiam elas que ele era o único gênero literário produzido essencialmente para ser vinculado na imprensa. Os garotos diziam que ele não passava de um pequeno conto baseado em algo do cotidiano. No bar da esquina da rua, tinham certeza que ele estava é querendo agradar os leitores, pois, sempre aparecia em espaços iguais e na mesma localização, ficando fácil criar uma familiaridade entre o escritor e os leitores, ou leitoras, brincavam depois da terceira. Todos davam suas opiniões sobre aquele novo morador, e foi aí que ele apareceu.
-Olá vizinhança, queria dizer que é importante que todos considerem o espaço em que eu estou inserido e dizer também que sou ambíguo, pois pertenço tanto quanto ao gênero literário como também ao jornalístico. Quem me conhece mesmo me considera conotativo, porque muitas vezes uso idéias secundárias para retratar minhas idéias principais. Sou autônomo, maduro e independente.
Lá da esquina alguém grita: -Mas e ai, você se explicou todo e não disse seu nome.
Podem me chamar de Senhor Crônica, e quando precisarem se expressar de uma forma próxima a um poema em prosa com mais transparência e objetividade, estarei disponível.

Um comentário:

Ana Lins disse...

Meta-crônica!
Meu filho-escritor em formação, em
ação!
Essa foi minha oração do meio dia, de hoje: encheu meu coração de alegria.