terça-feira, 22 de abril de 2008
Sobre nomes não. Sobrenomes
Um pouco constrangido, mas ao mesmo tempo mordido pelo sarcasmo, ao longo das conversas do dia-a-dia, vejo certa graça ao ser apresentado à pessoas caracterizadas pelos seus sobrenomes. Alguns ao pronunciá-los demonstram tranquilidade para tornar-lo normal, mas há quem satirize logo de cara, como quando caímos no chão e damos risada de nós mesmos, depois olhamos para o lado à procura dos que viram o incidente. Tem também quem apenas não o pronuncie, alias, se ninguém te viu caindo, você não caíu. Essa omissão caracteriza indiretamente o desgosto crônico pela capa vitalícia que aquele nome lhe deu ao nascer.
É um problema um menino com Pinto no meio do nome. É uma tristeza mulher feia com sobrenome Graça. Como não fazer piada? Sr. Casanova vivendo de aluguel. Assassinada a tiros a Sra. Boa Morte. Como se justifica um atraso o garoto com sobrenome Pontual? Uma família possui o nome Dilema, provavelmente composta por Sr. e Sra. Dilema e seus pequenos Dilemas, que crescem a cada dia. Há os com nome que constroem frases sem graça, como Jacinto Leite Aquino Rego, há os bem estranhos, como Lindulfo Celidonio Calafange de Tefé, mas nada como nosso velho amigo presépio, que ganhou esse apelido provavelmente ao nascer, Armando Nascimento de Jesus é um cara que não teve escolha.
Não me lembro de algo tão feio quanto aqueles brasões que mais parecem carros alegóricos old school. O sobrenome é isso, uma sombra gritante, composta por tradição familiar e confirmação de estranhesa, mas ao mesmo tempo que trás mistério, também demosntra identidade histórica e curiosidades pitorescas.
Seja uma família sem fim como os Silva Santos, ou uma tradicional de canto nenhum como Eustáquio Obirapitanga, o sobrenome não deixará de provocar aquele velho surpreendimento digno do inesperado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário