segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Vigésima quinta hora de 7 de Setembro.


Um pouco após o fim do grande dia 7 de Setembro, uma comunhão de coicidências tornaram-o inesquecível. Enquanto a manhã passava lentamente, Felipe Massa, com a ferrari italiana cor de Pau-brasil recebeu a vitória por conta do regulamento. Um pouco depois, lindas, loiras(em maioria) e brasileiras também, ganham Ouro em algum desses campeonatos de vôlei que se vê a final aos Domingos. Até a formula Indy foi contagiada pelo nossos 186 anos de liberdade e nosso residente em Miami mas também brasuca, Rafa Matos foi declarado vencedor após confirmação do sistema de fotos da chegada, com alta precisão. Foi de dar orgulho esses 0,01 segundos na frente daqueles gringos. O dia seguiu, e centenas de marchas pela Independência foram realizadas. Pracinhas sendo lembrados e homenageados pelo auxílio que prestaram heróicamente na Segunda Guerra Mundial, na Europa, sendo linha de frente das batalhas . Já no fim da noite a seleção de brasileiros que jogam futebol atua convicentemente no Chile e arranca um lindo 3 a 0. Luis Fabiano do Sevilha da Espanha e Robinho do Manchester City da Inglaterra marcaram. O jogo acabou à meia noite. O narrador feliz pela vitória aproveita e anuncia o Brazilian Day, em Nova York.
Hoje a também brasileirinha Tainã Paula dos Santos de 16 anos, foi encontrada morta após ser estuprada. Ela também estava grávida. Quem sabe seu filho transforma-se em um campeão de Badminton ou Pólo aquático lá no Canadá. Seria mais um herói, mas agora é apenas menos um.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quem conta um conto aumenta um dolar


A era onde crianças sabem ligar máquinas e adultos se divertem em jogos onlines, e que a resposta para questionamentos antes existentes apenas no imaginário, hoje são obtidas com a rapidez de um piscar de um “mouse”, ou de um clique dos olhos, traz a certeza de que a informação está rala, e ao mesmo tempo cheia impurezas. Principal atrativo desta última década, o Google criado em 1998, como rastreador de links da web, assumiu o papel de intermediador de informações e propagador de idéias diferentes ligadas à qualquer tema. Ao beber um suco de laranja e se questionar sobre o bem que ele faz e correr para o google e escrever em ingles “orange juice”, é encontrado informações sobre uma banda de rock inglesa, questionamentos sobre porque franceses bebem tanto suco de laranja, videos no youtube onde o tal do suco é citado e para não quebrar a escrita, um artigo no wikipedia sobre valores nutricionais. Qual é o deficit que alguém tem com a falta desse site? Há como estar ligado ao mundo das informações e entretenimentos sem esse facilitador? Essas respostas também são encontradas no google em algum chat ou blog que discute a super globalização ou a falta de sigilosidade à qual nos entregamos diarimente suduzidos por novas técnicas de encantamento. Caetano Veloso, no alto da ditadura questionou: - Quem é que lê tanta notícia? Baseado apenas em uma banca de revista que brilhava, ou por imaginar o que viria com a banalização da informação? George Orwell, um pouco antes, criticava após o fim da Segunda Grande Guerra Mundial, com o livro 1984, os regimes totalitários, condenando a vigilia feita pelos governos para não permitir que houvesse questionamentos sobre o regime. No livro existia uma “teletela” em cada casa para intensificar a vigilia, era possível ver e ser visto ao mesmo tempo. Aldous Huxley antes ainda, demonstrava seu medo pelo condicionamento psicológico e fim da individualidade imposta pelo autoritarismo do Estado. Hoje, no ano 2008 d.C. a empresa google concentra um arquivo de fotos, videos, cadastramento personalizado, mapas, fotos de satellite mundial em alta definição, de certa forma, todos os artifícios necessários para conquistar voluntariamente um banco de dados inesgotável. O “Só Deus sabe” que antes era dito quando uma pergunta “cabeluda” era feita, hoje é respondida por alguém que de certa forma contou para o google. A busca por conforto pleno, unido pela desconfiança constante, entrega à população sedenta por novidade, a ferramenta certa para a desorientação coletiva.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Conversa fiada. Mas multa não.


Entro no meu carro e minha mae me alerta: -Você não pode beber hein, são quase 1000 reais de multa. Paro, analiso e vejo que as leis estão contra mim. Prepotência achar que todo o sistema me odeia e que uma grande corporação criou certas normas exatamente para me prejudicar. Mas sigo pensando nisso e sou parado nos boxes das Superintendencia de Engenharia e Trafego, deparado com um tipico sangue-suga, inflado pela nova lei que atende pelo nome seca, mas ironicamente é relacionada ao molhar das mãos dessas autoridades. Documentos são pedidos. Carteira Nacional de Habilitação vencida, dialogo com ele sobre porque os motoristas de antigamente tinham sua carteira válida por 20 anos e hoje apenas 5. Ganho um prazo para renová-la e uma ameaça, claro. Documento do carro vencido. Alego não ter multas e por ajudar um orfanato com crianças muito frágeis, dar aulas de inglês para idosos e informática para uma comunidade carente, não dispunha de tempo para ir a burocrática fila do Detran. Comovi o Senhor das leis de trânsito. Achei que ia sair dessa, quando ele diz: -Deixa eu ver o extintor por favor? Claro senhor. Mas estava vencido. O responsável pela segurança do transito se emburra, diz que é errado tantas infrações e chama um colega dizendo: A Madre Tereza aqui está mais irregular que a Chapada Diamantina. Dou até risada com um pouco de medo do que podia vir a acontecer. Ele volta e me obriga a comprar um extintor que ele tinha lá. Depois de promessas e ameaças de que dei sorte de sair sem multas e apreensões, meu celular toca. Era aquela gata, namorada de um cara da faculdade. Sem pensar, dou tchau aos santos da lei e atendo enquanto passo a primeira marcha, com a mão esquerda por estar com a direita ocupada com o telefonema. Peraêêêêê, diz o guarda de longe me fazendo frear o carro e acelerar meu coração. Desligo e ele diz: -Assim também é demais. Vou te aplicar uma multa por falar no telefone, outra por sair sem seu cinto de segurança e mais uma por desacato. Três??? Libera a do desacato. Se reclamar eu aumento disse ele. Enquanto ele anotava a multa em seu triste cartão amarelo eu calculava o prejuizo e ele perguntou formalmente: Era a mamãe? Eu disse: -Era uma gata lá da faculdade que namora um mané e que está me dando um mole há tempos. Atendi pela surpresa. Ele deu risada e prosseguiu sua tarefa e murmurou: -Cobiçando a mulher do próximo né? Dei mais risada e sabiamente exclamei: -Se vocês fossem conveniados à igreja católica, aposto que eu seria multado por infringir o nono mandamento. Foi aí que tudo veio abaixo. Me dá seus documentos denovo. Engraçadinho aqui gasta bastante dinheiro.
Saí mais uma vez, agora com todas as multas possiveis e convencido que a lei esta seca, salgada e sem tolerância para o senso de humor. Chegando em casa lembrei que não fui convidado a fazer o teste do bafômetro.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Serginho, um caso a parte.


Um caso, tudo que Serginho precisava era um caso interessante para contar para seu chefe. Seus olhos demonstravam a longa noite que vivera, mas que não lembrava. Ele lembra de ter ido dormir cedo, talvez tenha sido esse o problema. Ele nunca dormia cedo. Mas de qualquer forma ele não tinha tempo pra lembrar. Se trocou como nunca, tudo estava ao seu alcance, não durou nem 10 minutos e já tinha saído, não pegou trânsito, achou vaga na frente. Ele já estava subindo o elevador e seu aspecto era deplorável, olheira e mau hálito, algo semelhante a vodka com drear, que ele sabe que não desce macio. Exalava um cheiro ruim mau disfarçado por perfume. Mas nada ligava naquele momento. O elevador chegou ao décimo andar. Ele saiu e deu de frente ao chefe. -O que é isso Serginho? -Um caso, preciso te explicar. -Está explicado, as mulheres fazem isso com a gente. Lave o rosto, estou indo para uma reunião, depois você me conta como foi.
Serginho não entendeu direito, ele nem conseguiu contar sua lorota e foi beatificado. Ele considerou como um ato de sorte. Foi assim o resto daquela manhã. Café passado na hora que ele chegou, ar condicionado concertado naquele dia, estava lindo. O que estava estranho era aquele aspecto, sem justificativa, nada vinha na sua cabeça, que por estar doendo não ajudava a sua lembrança. Serginho já estava cansado da constante queixa que sofria de seu próprio inconsciente. Resolveu ligar para seus amigos, ligou para a irmã, ligou até para uma amiga que ficou triste com a pergunta sobre o seu paradeiro da noite anterior. E nada, ninguém vira Serginho naquela segunda feira após o trabalho. Ele começou a suspeitar do que havia comido, bebido. Serginho começou até a duvidar sobre se realmente havia dormido cedo. Ele foi juntando os cacos, conferiu ligações no celular e checou seus e-mails, mas nada ajudava aquele infeliz e surpreendido rapaz que era apresentado a todo momento a novidades relacionadas a sua sorte e suas dúvidas.
Resolveu ir embora na hora do almoço, o chefe não iria reclamar, seguido pela maré de sorte que lhe foi apresentado. Sentou em uma lanchonete, fez o pedido, comeu, pagou e ficou a espera do troco, que viria a mais. Ele veio, e junto com a sorte, também veio seu lado cristão, cavalheiro e cidadão. Devolveu e ganhou um sorriso admirável da tal que lhe serviu. Resolveu ir a praia, cerveja absurdamente gelada, grupo de turistas norueguesas fazendo topless, os minutos em seu relógio passavam com lentidão, como sua lembrança, que com a mesma lentidão ia se recuperando daquela noite anterior misteriosa. Ele soube que aquele craque vinha pro seu time, seu maior desejo da televisão posaria nua, o banco ligou confirmando o empréstimo, até na raspadinha resolveu jogar, mas não jogou porque sempre achou que esse jogo era sacanagem criada por uma grande corporação vinculada à mafia e também não queria arriscar a dar uma fora. Serginho ajudou uma velhinha contra trombadinhas em mais um ato heróico daquele ser iluminado que havia se tornado. Foi à padaria, pão quentinho. Foi ao mercado, sem fila e com troco a mais denovo. Serginho anestesiou-se com tamanha sorte. Já não havia mais dores e aquele hálito ja tinha sido aparado por umas balas.
Foi para casa, deixou as coisas, tomou banho. Aí foi pra rua, cada bar, uma gata diferente. Sua conversa fluia como o canto dos pássaros. Analisava os tipos, mandava trocar a música, comentava que sua bebida estava como nunca. Luzes, fumaça e cada vez mais bebidas.
Serginho acordou, correu contra o tempo de novo e foi ao trabalho. Para o chefe diz ter como última lembrança, a hora do banho, que jura ter sido a última coisa feita antes de dormir.
-E aí, demitiram ele?
-Que nada, todos adoram esses casos que Serginho cria. Ele é um cara de talento. Eu falei que teve até umas norueguesas na praia?

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sobre nomes não. Sobrenomes


Um pouco constrangido, mas ao mesmo tempo mordido pelo sarcasmo, ao longo das conversas do dia-a-dia, vejo certa graça ao ser apresentado à pessoas caracterizadas pelos seus sobrenomes. Alguns ao pronunciá-los demonstram tranquilidade para tornar-lo normal, mas há quem satirize logo de cara, como quando caímos no chão e damos risada de nós mesmos, depois olhamos para o lado à procura dos que viram o incidente. Tem também quem apenas não o pronuncie, alias, se ninguém te viu caindo, você não caíu. Essa omissão caracteriza indiretamente o desgosto crônico pela capa vitalícia que aquele nome lhe deu ao nascer.
É um problema um menino com Pinto no meio do nome. É uma tristeza mulher feia com sobrenome Graça. Como não fazer piada? Sr. Casanova vivendo de aluguel. Assassinada a tiros a Sra. Boa Morte. Como se justifica um atraso o garoto com sobrenome Pontual? Uma família possui o nome Dilema, provavelmente composta por Sr. e Sra. Dilema e seus pequenos Dilemas, que crescem a cada dia. Há os com nome que constroem frases sem graça, como Jacinto Leite Aquino Rego, há os bem estranhos, como Lindulfo Celidonio Calafange de Tefé, mas nada como nosso velho amigo presépio, que ganhou esse apelido provavelmente ao nascer, Armando Nascimento de Jesus é um cara que não teve escolha.
Não me lembro de algo tão feio quanto aqueles brasões que mais parecem carros alegóricos old school. O sobrenome é isso, uma sombra gritante, composta por tradição familiar e confirmação de estranhesa, mas ao mesmo tempo que trás mistério, também demosntra identidade histórica e curiosidades pitorescas.
Seja uma família sem fim como os Silva Santos, ou uma tradicional de canto nenhum como Eustáquio Obirapitanga, o sobrenome não deixará de provocar aquele velho surpreendimento digno do inesperado.

sábado, 29 de março de 2008

Divididos por um ideal


Todo mundo já estava sabendo do tal encontro que aconteceria lá no Diretório Acadêmico naquela terça-feira, só se falava disso, só se esperava isso. Mas não eram todos que estavam envolvidos que poderiam estar nessas manifestações. A ditadura estava aí, e a camada jovem da sociedade era a mais ativa, e era nesse meio que viviam Fred e Melinda.
- Eu não acredito que você não vai Fred. O pessoal da faculdade vai estar todo lá, a meta é pichar tudo se esses cachorros do poder não liberarem a verba para a reforma do centro de pesquisa, e quem sabe a liberação de alguns presos políticos, mas parece que não vão liberar.
-Então é isso, a idéia é ir pro encontro e sair pichando tudo em prol de um motivo que todos já sabem que está decidido? Que tipo de crítica é essa que transgride a lei por não haver ordem? Acho a causa muito passional. Eu não vou também porque não concordo com esse "pessoal" que vai estar lá, não quero ouvir discurso de revolucionário doidão e também não pretendo tomar borrachada dos policiais por estar neste circo desordenado de críticas.
-Fred, para com isso. Olha pra mim. Deixa de ser individualista, não faça de seus atos uma demonstração da falta de civilidade que há em você. Toda ação tem que ter uma reação. Eles erram, o povo mostra o que eles erraram e ultrapassa qualquer barreira que possa incomodar o ideal deles, que pra começar nem é democrático.
-Para com essa demagogia Mel, essas coisas nunca dão em nada, um dia tudo acaba mudando, sempre muda. Será que vale tanto sacrifício? Quantos de vocês já desapareceram? Em cada protesto que há, são novas baixas insubstituíveis. Eu acho um desperdiço estudantes passarem anos presos por uma causa que não vão poder saborear.
-Sua descrença me faz comprovar o porque desse conformismo que assola nosso povo. Minha mãe queria que eu fosse enfermeira, mas me diga como vou conseguir sobreviver não acreditando no governo que nos rege. Eu quero envelhecer tentando mudar as coisas.
Quem sabe eu consiga, quem sabe não, mas não conseguindo eu ainda fico com a consciência mais limpa que a sua. Fred, Fred, você não percebe o que o país está perdendo.
-Não sei mesmo, me de um bom argumento.
-A criatividade.
-Brasileiro sempre foi criativo, apesar de ser tolo.
-A criatividade voltada para a crítica. Tanto é, que há órgão feitos para vetar o que os artistas produzem com tanto sentimento e talento. Isso sim é disperdiço. Ou vai me dizer que é fã de pornô chanchada?
-Você quer me dizer que as produções cinematográficas no país poderiam ser melhores? Filme bom é de Hollywood.
-Não vejo.
-Eu vejo e adoro.
-E o Cinema Novo? Nossa literatura, nossas músicas, nossos pensadores. Você realmente está vivendo em outro país.
-Devo estar mesmo, naquele onde eu vou poder levar meu filho pra passear, poder viajar nas férias e conseguir suprir as necessisdades da minha família? Eu acho que eu gosto desse mesmo.
Fred pede licença para Melinda depois de olhar no relógio.
-Mel, gostei muito de te encontrar aqui, eu apareco no mês que vem. Quer que eu mande um recado pra alguém?
-Nossa, já deu o tempo? Que triste. Essas horas me dão um aperto. Volta mesmo, manda um beijo pro pai e tenta ficar de olho no Marquinhos pra ele estudar. Avisa que eu to bem. Pro pessoal da faculdade, se você os vir, diz que eu to inteira, e que logo estou de volta.
Depois de soar um apito agoniante, Fred levanta, põe a mão no vidro e faz barulho de beijo, esboçando um pouco de recentimento e pena. Um guarda pára atrás de Melinda que após levantar, é levada de volta a cela.

Salvador 459 anos.


Salvador não tem erro. é fácil imaginar como as coisas acontecem na cidade, porque baiano opina, o baiano se adianta, o baiano te orienta: se é vento de chuva, se a maré vai encher ou se por ali é mais demorado. Como não há de ser assim? Nos chamamos de irmão, rei, filho, compadre, corrente ou até mesmo de sacana, pra poder quebrar o gelo. Compartilhamos antigas revoltas, brigamos por liberdade, caracterizamos nossa cultura, idealizamos nossas festas e afirmamos nossa cordialidade. Seja numa paquera ou numa negociação, com o flanelinha ou com seu patrão, a consagração está no saber levar com equilíbrio, o sentimento que transpira ao se saber de ser baiano, que é se sentir em casa. Eu mesmo não sou baiano, mas me acho.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Senhor Crônica


A faixa que revelava o nome e o número da corretora, que pretendia vender aquela antiga casa, havia sido retirada, todos na pacata vizinhança eram fissurados por idas e vindas de gente nova. É bom que dá assunto. Mas aquela mudança não era habitual, tudo era muito velho e ultrapassado, tinha muita gente envolvida, nenhuma dessas pessoas comunicavam realmente como seria a cara daquilo que surgia assim tão derrepente. Quando chegou o tal, as senhoras que viam a vida passar pelas janelas de suas casas, já estavam comentando que esse novo vizinho era uma narração, de acordo com a ordem dos tempos, diziam também que ele era meio atribuído aos noticiários dos jornais, comentários literários, científicos e até esportivos, e que muito era usado para preencher periodicamente as páginas de um jornal. As mocinhas cheias de amor e fantasias de príncipe encantado, enxergavam nele comentários de fatos da atualidade, pois sabiam elas que ele era o único gênero literário produzido essencialmente para ser vinculado na imprensa. Os garotos diziam que ele não passava de um pequeno conto baseado em algo do cotidiano. No bar da esquina da rua, tinham certeza que ele estava é querendo agradar os leitores, pois, sempre aparecia em espaços iguais e na mesma localização, ficando fácil criar uma familiaridade entre o escritor e os leitores, ou leitoras, brincavam depois da terceira. Todos davam suas opiniões sobre aquele novo morador, e foi aí que ele apareceu.
-Olá vizinhança, queria dizer que é importante que todos considerem o espaço em que eu estou inserido e dizer também que sou ambíguo, pois pertenço tanto quanto ao gênero literário como também ao jornalístico. Quem me conhece mesmo me considera conotativo, porque muitas vezes uso idéias secundárias para retratar minhas idéias principais. Sou autônomo, maduro e independente.
Lá da esquina alguém grita: -Mas e ai, você se explicou todo e não disse seu nome.
Podem me chamar de Senhor Crônica, e quando precisarem se expressar de uma forma próxima a um poema em prosa com mais transparência e objetividade, estarei disponível.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Crise dos Sem Guarda-Chuva


Não é bonito. Pode ter sido funcional para Gene Kelly enquanto dançava e cantava na chuva. Mas ele muito me incomoda. Não uso e não gosto porque ele é a personificação da certeza de que você se deu mal. - Olha aqui, começou a chover e eu to todo molhado, tentando correr ao meu destino, desviando das poças, com medo das poças que os carros possam encontrar e terminando molhado da cintura pra baixo. Por mim todos devem manter seu estilo, já chega de se comportar como pintos molhados e desesperados. Ele pinga quando fecha, ninguém tem lugar quando você chega acompanhado dele e os acidentes que eles proporcionam? Ouvi dizer que já são mais de trezentos mil cegos em todo o mundo por conta de acidentes ao caminhar e se deparar com aquela ponta de ferro afiada daquele velho guarda-chuva já quebrado. Pois é, ainda tem aquela Mary Poppins a Babá(ca) Mágica com aquele guarda-chuva dizendo ter vindo do céu. Que papinho. Se aparece um barbudo islamico na sua casa com um guarda-chuva você não bota pra cuidar das suas crianças.
Estou em crise porque agora vai chuver pra caramba. Pelo menos talvez de pra dar umas risadas.